22 de janeiro de 2025
Inclusão produtiva Produção

Uma Nova Estratégia Global para Reduzir Desigualdades e Impulsionar o Desenvolvimento

Em meio às profundas mudanças econômicas e sociais que moldam o século XXI, a inclusão produtiva tem emergido como uma prioridade global para combater as desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável. Governos, organizações internacionais e empresas estão unindo forças para garantir que populações historicamente marginalizadas tenham acesso a oportunidades econômicas, sejam elas no campo ou nas grandes metrópoles. A inclusão produtiva não apenas visa inserir pessoas no mercado de trabalho, mas também capacitá-las e integrá-las em cadeias de valor de forma justa e sustentável.

O que é Inclusão Produtiva?

A inclusão produtiva refere-se a estratégias e políticas destinadas a integrar grupos vulneráveis – como mulheres, jovens, pessoas com deficiência e trabalhadores informais – em atividades econômicas de maneira que promovam sua autonomia financeira e desenvolvimento. Em vez de apenas fornecer assistência social, a inclusão produtiva busca fornecer meios para que essas populações possam gerar sua própria renda de maneira digna e sustentável, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento.

Nos últimos anos, o conceito tem sido ampliado para incluir aspectos como o acesso à educação e capacitação profissional, microcrédito, empreendedorismo e inclusão digital. A ideia é que, com as ferramentas certas, milhões de pessoas que estão à margem da economia formal possam ser inseridas e se tornar agentes produtivos.

Iniciativas Globais em Expansão

Países em todo o mundo estão adotando políticas de inclusão produtiva com resultados promissores. Em 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma campanha global de inclusão produtiva chamada “Trabalhando Juntos pelo Futuro”, em parceria com o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial, com o objetivo de reduzir a pobreza extrema e promover a igualdade econômica.

Na África, a inclusão produtiva está sendo promovida através de programas agrícolas que integram pequenos produtores nas cadeias de fornecimento de grandes empresas. Um exemplo notável é o “Programa de Inclusão Produtiva Rural” no Quênia, que conecta pequenos agricultores a mercados maiores, fornecendo treinamento em tecnologia agrícola e acesso a financiamento. Desde o início do projeto, mais de 200.000 famílias foram integradas ao mercado formal, aumentando suas rendas e contribuindo para a segurança alimentar regional.

Na América Latina, o Brasil tem sido um dos países que mais investem na inclusão produtiva. Programas como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e iniciativas de microcrédito produtivo rural têm proporcionado acesso à capacitação técnica e crédito para populações em regiões economicamente desfavorecidas. Isso tem possibilitado a inserção de milhares de brasileiros em setores como agricultura familiar, construção civil e serviços, além de fomentar o empreendedorismo.

Inclusão Produtiva Digital: Oportunidades na Economia Digital

Um dos maiores avanços na área de inclusão produtiva tem sido a inclusão digital. A pandemia de COVID-19 acelerou a transformação digital em todo o mundo, e governos e empresas estão cada vez mais reconhecendo o potencial de conectar populações excluídas ao mercado global de trabalho por meio da tecnologia.

A Índia, por exemplo, lançou um dos programas mais ambiciosos de inclusão produtiva digital, o “Digital India”. O programa tem como objetivo conectar as áreas rurais à internet de alta velocidade, capacitar jovens em tecnologia da informação e criar oportunidades de trabalho remoto. Com a expansão das plataformas de trabalho online, como freelancing e serviços digitais, o país conseguiu criar uma nova geração de trabalhadores digitais que, anteriormente, não tinham acesso ao mercado formal de trabalho.

Na Europa, iniciativas como o “European Skills Agenda” estão focadas na capacitação digital de trabalhadores mais velhos e desempregados de longo prazo, conectando-os a oportunidades emergentes em setores tecnológicos e digitais. Empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, também têm investido em programas de treinamento digital, oferecendo cursos gratuitos para milhões de pessoas em todo o mundo, preparando-as para o novo mercado de trabalho.

Inclusão Produtiva Feminina: Rompendo Barreiras de Gênero

A inclusão produtiva também tem sido um elemento-chave para a promoção da igualdade de gênero. Em muitas partes do mundo, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas ao acesso ao trabalho formal, especialmente em áreas rurais e em países em desenvolvimento. Para enfrentar esse desafio, programas específicos têm sido implementados para promover o empreendedorismo feminino e a inclusão de mulheres em setores tradicionalmente dominados por homens.

Na América Latina, o México lançou a iniciativa “Mujeres Productivas”, que oferece microcrédito e capacitação para mulheres que desejam abrir seus próprios negócios. Além disso, empresas multinacionais estão criando programas internos de inclusão produtiva feminina. A Unilever, por exemplo, lançou um programa global que visa incluir 5 milhões de mulheres em sua cadeia de valor até 2025, por meio de empregos diretos, apoio a empreendedoras e programas de capacitação.

Desafios e Oportunidades

Embora os avanços na inclusão produtiva sejam impressionantes, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados. A falta de infraestrutura em áreas remotas, como acesso à internet e serviços bancários, continua sendo um obstáculo para a inclusão de milhões de pessoas. Além disso, a informalidade ainda é predominante em muitos mercados, o que limita o acesso de trabalhadores a direitos e benefícios sociais.

Outro desafio é a sustentabilidade dessas iniciativas. Embora muitos programas de inclusão produtiva tenham sucesso inicial, garantir que esses novos agentes produtivos permaneçam integrados ao mercado de forma estável e com perspectivas de crescimento a longo prazo é uma questão complexa.

Para enfrentar esses desafios, especialistas sugerem que políticas de inclusão produtiva sejam integradas com outras áreas de desenvolvimento social e econômico, como saúde, educação e proteção social, para criar um ambiente mais propício ao crescimento inclusivo.

O Futuro da Inclusão Produtiva Global

À medida que a globalização avança e novas tecnologias continuam a transformar o mercado de trabalho, a inclusão produtiva será essencial para garantir que os benefícios do crescimento econômico sejam amplamente distribuídos. Organizações internacionais, governos e empresas privadas precisarão colaborar mais estreitamente para expandir essas iniciativas e garantir que ninguém seja deixado para trás.

Como o Diretor-Geral da ONU, António Guterres, declarou recentemente: “A inclusão produtiva não é apenas uma questão de justiça social; é uma questão de sobrevivência econômica. Em um mundo cada vez mais interconectado, garantir que todos possam participar ativamente da economia global é fundamental para a construção de um futuro próspero e sustentável.”

O futuro da inclusão produtiva está apenas começando, e as iniciativas globais nesse campo prometem transformar vidas e criar uma economia mundial mais justa e inclusiva.