10 de maio de 2025
Educação Sociedade

Os caminhos para o desenvolvimento da educação no Brasil

Avançar na educação exige mais do que obras e programas. É preciso combater desigualdades, valorizar professores e integrar tecnologia, garantindo ensino de qualidade para todos e desenvolvimento sustentável ao país


A educação brasileira enfrentou uma série de retrocessos durante o governo Bolsonaro. Cortes orçamentários e ataques sistemáticos aos profissionais da educação foram armas utilizadas na “guerra cultural” contra a suposta hegemonia ideológica da esquerda nas escolas, universidades, mídia e artes. Enquanto isso, quase meio milhão de jovens abandonavam o ensino médio por ano, não havia investimento no ensino em tempo integral, os investimentos em universidades federais foram drasticamente reduzidos e as bolsas de pós-graduação ficaram sem reajustes, assim como todos os servidores federais civis.

No governo Lula 3 alguns avanços precisam ser reconhecidos. Com a retomada de 1,3 mil obras que estavam paradas ou inacabadas, o Brasil agora tem 857 obras em andamento e mais de 1,1 mil novas creches e pré-escolas em fase inicial de construção. O valor de repasse da merenda escolar, que ficou congelado por mais de seis anos, recebeu um aumento de quase 40%, com aumento da participação de produtos da agricultura familiar em detrimento dos processados e ultraprocessados. Um milhão de novas matrículas foram criadas no ensino em tempo integral. O programa Pé-de-Meia beneficia 4 milhões de estudantes, que recebem R$200 por mês ao frequentar as aulas e R$1 mil ao passar de ano. Diferente do que houve do período 2019 a 2022, quando só foram entregues 12 campi de Institutos Federais, o Brasil agora avança com a criação de mais 102 unidades de Instituto Federal em 99 cidades, ofertando 141 mil novas vagas de ensino técnico em até cinco anos. Estão em andamento 391 obras nas universidades e hospitais universitários. E além da reposição salarial dos profissionais da educação houve reajuste de até 75% e ampliação do número de bolsas de pós-graduação em até 40%.

Apesar desses importantes avanços, o país segue com grandes desafios, pois o acesso à educação de qualidade varia drasticamente entre as regiões, sendo mais limitado em áreas rurais e periféricas. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) apontam que estados do Norte e Nordeste apresentam índices de aprendizado inferiores aos das regiões Sul e Sudeste, evidenciando uma discrepância que impacta o futuro dos jovens dessas áreas.

Para enfrentar essas desigualdades, países como a Finlândia e o Canadá adotaram modelos que investem em uma educação pública e gratuita de qualidade para todos, com um enfoque particular nas áreas menos favorecidas. No Brasil, seria essencial priorizar a infraestrutura educacional nessas regiões, garantir professores capacitados e ofertar recursos que permitam a permanência dos alunos em ambiente escolar, como transporte, alimentação e apoio psicológico.

A valorização e a formação dos professores são fundamentais para a qualidade do ensino. No Brasil, a carreira docente ainda é marcada por baixos salários e falta de condições adequadas de trabalho, o que desestimula o ingresso e a permanência de profissionais qualificados na educação básica. Relatórios do Banco Mundial indicam que a valorização da carreira docente é um dos principais fatores para a qualidade da educação, pois profissionais bem formados e valorizados conseguem oferecer um ensino mais eficaz.

Em países como a Coreia do Sul e Singapura, os professores são altamente valorizados e recebem formação contínua, o que contribui para a excelência dos sistemas educacionais. Para o Brasil, a criação de programas de formação contínua e a melhoria das condições salariais dos professores são passos fundamentais. Além disso, o fortalecimento das licenciaturas e das políticas de incentivo à docência podem atrair novos talentos para a área, especialmente em regiões carentes.

Digital

A tecnologia também é uma ferramenta poderosa que pode transformar a educação e facilitar o acesso ao conhecimento. Durante a pandemia de COVID-19, a educação digital emergiu como uma alternativa importante, mas também revelou as desigualdades no acesso à tecnologia. Segundo dados do IBGE, uma parcela significativa dos estudantes brasileiros não possui acesso à internet em casa, dificultando a participação nas atividades remotas e acentuando as desigualdades educacionais.

Para que a inclusão digital se torne uma realidade, é essencial que o Brasil invista em infraestrutura tecnológica nas escolas, especialmente nas regiões mais vulneráveis. O exemplo da Estônia, que incluiu a educação digital em seu currículo nacional desde o ensino básico, demonstra que a inclusão de ferramentas tecnológicas na educação pode potencializar o aprendizado. No Brasil, o uso de tecnologias educacionais e o acesso à internet precisam ser integrados às políticas públicas de educação, com investimentos em conectividade e em capacitação para que os educadores utilizem essas ferramentas de forma eficaz.

Ensino Profissionalizante 

A educação profissionalizante é uma importante ponte entre o sistema educacional e o mercado de trabalho. No Brasil, a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes ainda é limitada, especialmente para estudantes da rede pública. Ampliar o acesso a essas formações pode contribuir para a inclusão social e para a formação de uma mão de obra qualificada e competitiva, que atenda às necessidades de um mercado em constante transformação.

Países como a Alemanha e a Áustria oferecem programas de educação técnica integrada ao ensino médio, o que permite aos jovens ingressar no mercado de trabalho com uma qualificação sólida. No Brasil, o fortalecimento da parceria entre escolas e empresas, especialmente nas áreas de tecnologia, indústria e serviços, pode garantir uma formação profissional alinhada às demandas do mercado e contribuir para a redução da taxa de desemprego juvenil.

Para que a educação brasileira seja um motor de desenvolvimento sustentável, é necessário adotar uma visão de longo prazo que contemple a formação de cidadãos críticos e preparados para os desafios do futuro. O planejamento educacional deve estar alinhado com as necessidades da sociedade e do mercado de trabalho, promovendo a inclusão, a inovação e a formação integral.

A construção de um sistema educacional mais equitativo e eficiente exige um compromisso permanente e um esforço conjunto entre governos, sociedade civil e iniciativa privada. Somente com um investimento contínuo e uma abordagem inclusiva será possível garantir uma educação de qualidade para todos e construir um futuro mais justo e promissor para o Brasil.

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Jaqueline Nunes é jornalista e gestora pública com 10 anos de experiência em assessoria de comunicação governamental.

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